Tarifa de esgoto na Capital é 89% maior que no interior do Estado
Se a comparação for com outras capitais, Campo Grande tem uma das contas de água e esgoto mais altas de todo o país, conforme dados divulgados pelo Sindágua

Com lucro líquido de 784 mil reais por dia, a empresa Águas Guariroba cobra em Campo Grande 89% mais pela coleta e tratamento do esgoto dos 259.433 imóveis conectados à rede que a taxa cobrada pela Sanesul nas 68 cidades do interior do Estado.
Na Capital, a população é obrigada a pagar R$ 4,83 a título de taxa de esgoto a cada metro cúbico de água (mil litros) consumido. No interior, esta tarifa é de apenas R$ 2,56, diferença de quase 90%.
Esses valores são referentes à tarifa residencial para quem consome até dez metros cúbicos por mês. Quem supera este consumo paga mais, podendo chegar a R$ 11,28 (Águas) e R$ 6,67 (Sanesul) no caso de a família consumir 50 mil litros ou mais por mês.
Vale lembrar que em fevereiro de 2021, a estatal Sanesul, empresa do Governo do Estado, firmou Parceria Público-Privada com o Grupo Aegea para que essa empresa ficasse responsável pela exploração do serviço de esgotamento sanitário do interior.
A tarifa foi fixada em leilão e, para vencer a disputa, foi a própria Aegea quem estipulou o valor. O curioso é que a Aegea é também proprietária da Águas Guariroba. Ou seja, na Capital o mesmo grupo empresarial cobra da população um valor 89% maior que no interior.
E quando o assunto é tarifa de água, a disparidade é parecida, embora um pouco menos escandalosa. No interior, a Sanesul entrega água potável nas residências por R$ 5,13 (até dez mil litros por mês). Em Campo Grande, o consumidor é obrigado a pagar R$ 6,90 por metro cúbico, diferença a maior de quase 35%.
Então, uma família que dispõe de rede de esgoto e consome dez mil litros e não se enquadra da tarifa social recebe fatura de R$ 117,30 ao final do mês na Capital. No interior, por sua vez, a conta fica em R$ 76,90, diferença da ordem de 54%, ou R$ 40,40 de economia mensal para um consumidor atendido pela Sanesul.
E estes altos valores das tarifas na Capital certamente são a principal explicação para o lucro líquido invejável da Águas Guariroba em 2022, que chegou a R$ 286,2 milhões, ou R$ 36 mil a cada hora. O lucro é 26% maior que o do ano anterior.
O faturamento bruto da Águas no ano passado chegou a R$ 903 milhões, conforme balanço anual divulgado no dia 28 de fevereiro.
Este mesmo balanço revela que os desembolsos com a folha de pagamento ficaram em apenas R$ 27,6 milhões no ano inteiro, o que equivale a pouco mais de 3% de toda a receita da concessionária. Para a maior parte das empresas brasileiras, a folha de pagamento é uma das principais despesas.
O lucro da Águas também é turbinado porque está praticamente isenta de impostos municipais e estaduais. Juntando os dois, foram míseros R$ 481 mil no ano passado para os cofres públicos locais.
Os acionistas da Águas são, em sua grande maioria, de fora de Campo Grande e até de fora do País. E, se os desembolsos com a folha salarial e com impostos são insignificantes, isso significa que a empresa literalmente sangra a população de Campo Grande em centenas de milhões de reais a cada ano.
Nos últimos seis anos foram espantosos R$ 1,2 bilhão de lucro, ou sangria, já que praticamente todo este dinheiro sai de Campo Grande.
Fonte: Correio do Estado