Polícia Federal vai investigar aparecimento de onça-pintada morta no Paraguai-mirim
Animal estava sem a cabeça e corpo boiava em rio, em área próxima ao município de Ladário

O aparecimento de uma onça-pintada morta, sem a cabeça, em região do Paraguai-mirim, no Pantanal, gerou procedimento investigatório da Polícia Federal em Corumbá. O corpo do animal foi avistado por uma equipe de TV que estava na região e houve a denúncia para as autoridades. A Polícia Militar Ambiental também foi notificada. O local onde estava a onça-pintada morta fica próxima a Ladário, porém só é possível acessar a área por embarcação.
Conforme apurado com a PF, uma equipe vai averiguar indícios de autoria e materialidade. Uma vistoria no local onde o corpo do animal estava vai ocorrer nesta sexta-feira (17). Caso a onça-pintada seja localizada, deve haver o recolhimento dela para que haja necrópsia e identificar o que causou a morte.
O fato de a onça-pintada estar sem a cabeça é um indício de que possa ter ocorrido um crime. O Ministério do Meio Ambiente especifica que a onça-pintada é um animal vulnerável, ou seja, tem possibilidade de entrar em extinção. Elas são protegidas pela Constituição Federal, bem como pela Lei de Crimes Ambientais, lei federal n. 9.605/1998. A pena prevista é de seis meses a um ano de prisão, além de multa.
No caso da caça esportiva, a cabeça, a pele, as presas são algumas das partes que são retiradas dos animais mortos e consideradas troféus. Caso as autoridades consigam avançar na investigação, vai ser apurado se houve caça esportiva ou caça por retaliação pelo fato de o animal ter atacado criações.
As autoridades policiais em Corumbá precisam identificar se o que causou a morte desse animal flagrado boiando no rio Paraguai-mirim foi um tiro, por exemplo. Para isso, é necessário que o corpo seja localizado para identificar provas.
O Instituto Homem Pantaneiro (IHP), que tem um programa chamado Felinos Pantaneiros, no Pantanal, e atua no monitoramento da espécie, já identificou que entre 2016 e 2023 houve o registro de 5 onças-pintadas mortas por arma de fogo. O que representa em caça e é crime. Equipe técnica do IHP chegou a dar apoio à Polícia Militar Ambiental e à Polícia Federal nesses cinco casos.
Nesse acompanhamento, o Instituto também fez o registro que as duas onças-pintadas vítimas dos incêndios em 2020, na Serra do Amolar, tinham no corpo projétil de arma de fogo. Esse é um indício que elas chegaram a ser cassadas, foram atingidas, mas o tiro não atingiu uma região vital e conseguiram escapar da ação humana. Esses animais resgatados até receberam nomes, que são a Jout Jout e Tiago.
De acordo com o coordenador do programa Felinos Pantaneiros, Diego Viana, o registro de uma onça-pintada morta no Pantanal gera impacto negativo para a região em termos econômicos, além dos problemas ambientais e criminais. O bioma tem aparecido cada vez mais no cenário do ecoturismo. Entre as atividades envolvidas nesse tipo de experiência dos viajantes está o avistamento de animais selvagens em seu habitat, e de forma sustentável.
“Ações como essa (do registro de uma onça-pintada morta sem a cabeça) prejudicam a imagem do Pantanal, que vem crescendo cada vez mais como um atrativo turístico mundial. Isso pode manchar essa imagem. E atrapalha economicamente não só as empresas que trabalham com o ecoturismo, como também a população que pode ser beneficiada trabalhando nesses locais (de visita) e com a presença dos turistas na cidade”, contextualizou.
Fonte: Correio do Estado