Números indicam ligeira melhora no surto de doenças respiratórias de crianças

No dia 28 de março foram 1.756 atendimentos e ontem, 1.300. Porém, isso ainda é quase o dobro de um período de procura normal na rede básica

Notícias | 4 de abril de 2023, por redacao@msalerta.com.br

Números divulgados nesta manhã pela Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) revelam que o surto de infecções respiratórias entre crianças de Campo Grande apresentou uma ligeira queda nos últimos dias, mas a situação está longe voltar à normalidade. 

No pico do surto, no dia 28 de março, foram 1.756 atendimentos de crianças. Nesta segunda-feira, a quantidade caiu para 1.300. Além disso, na semana passada, uma média de 40 crianças estavam diariamente na fila de espera por internação. Hoje, às 8 da manhã, a fila estava com 26 crianças, conforme o médico Leonardo Monteiro, Coordenador de Urgências da Sesau. 

Ele alerta, porém, que é cedo para dizer que a situação melhorou em definitivo. “Tivemos quedas no atendimento em semanas anteriores e depois a situação piorou novamente”, lembra. Além disso, a situação está longe da normalidade. Fora deste período de surto, “o máximo que a gente atende é cerca de 800 crianças e ontem ainda tivemos quase o dobro disso”. 

Mas o mais preocupante é que neste ano a gravidade dos casos está incomparavelmente maior, de acordo com o médico. Uma das suspeitas é que por causa do isolamento durante a pandemia muitas crianças não tiveram contado com o vírus sincicial e outros vírus e agora estão sendo acometidas ao mesmo tempo e estão com a imunidade mais baixa que em outras épocas. 

A outra suspeita é de que o vírus sincicial tenha sofrido alguma mutação e por isso o estado de saúde das crianças esteja mais grave que em outros anos. Mas a confirmação ou não desta suspeita vai demorar meses, de acordo como Leonardo Monteiro. Amostras foram coletadas e enviadas a laboratórios e universidades, mas os resultados demoram, segundo ele. 

Conforme a Ana Paula Resende, superintendente da Rede de Atenção à Saúde da Sesau, em anos anteriores, 9% dos casos atendidos na rede básica precisavam de internação. Neste ano, segundo ela, este índice dobrou e 18% das crianças precisam de leito hospitalar.

E é exatamente por conta disso que o poder público está tentando contratar pelo menos 30 leitos clínicos e mais cinco de UTI na rede privada, já que os hospitais que atendem pelo SUS em Campo Grande estão superlotados. A previsão é de que esta ampliação de vagas comece ainda nesta semana. 

Conforme a Sesau, nesta época, logo após o início do ano letivo, é normal o aumento de casos de problemas respiratórios entre crianças. E, se o surto se comportar como em anos anteriores, a tendência é de que os leitos extras sejam necessários por pelo menos dois meses, já que a partir de agora chegam as primeiras frentes frias e elas também provocam aumento nos casos de síndromes respiratórias. 

Fonte: Correio do Estado