Ministério Público busca apoio para retirar a BR-163 da área urbana da Capital

Ministério Público de Mato Grosso do Sul vai tentar convencer a população, empresários e autoridades de Campo Grande a juntarem forças para exigir do Governo Federal a alteração do traçado da BR-163 e retirar a rodovia da área urbana do município

Cidades | 12 de março de 2023, por redacao@msalerta.com.br

Em audiência pública prevista para começar às 14 horas desta segunda-feira (13), na Câmara de Vereadores, o Ministério Público de Mato Grosso do Sul vai tentar convencer a população, empresários e autoridades de Campo Grande a juntarem forças para exigir do Governo Federal a alteração do traçado da BR-163 e retirar a rodovia da área urbana do município. 

O porta-voz do MPE nesta audiência será o procurador Aroldo José de Lima e o principal argumento para tentar conseguir apoio, principalmente dos empresários que cresceram ao longo do traçado atual da rodovia e que correm risco de perderem clientela, é o de “salvar vidas”, conforme o procurador.

De acordo com o ele, desde 2018 acontecem, em média, 200 acidentes por ano ao longo dos cerca de 25 quilômetros deste trecho do anel viário. Só no primeiro semestre do ano passado, de acordo com Aroldo, morreram três pessoas neste percurso. “É o trecho mais perigoso dos quase 850 km da rodovia em Mato Grosso do Sul”, diz.

“Não tem mais como o tráfego urbano e o da rodovia conviverem. Mesmo que a pista seja duplica, o problema vai continuar. O exemplo de outras cidades mostra isso”, opina o procurador de justiça. Ele lembra que há cerca de quatro ou cinco décadas o anel viário de Campo Grande era basicamente composto pelas avenidas Ceará, Zahram e Salgado Filho. “A cidade cresceu e teve de ser feito um novo anel viário para separar o tráfego pesado dos demais veículos. Agora está aconcendo o mesmo”, diz.

E a possibilidade de fazer um novo traçado para a BR-163 surgiu com a relicitação da rodovia, que está em andamento na Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Para o dia 22 de março está agendada uma audiência pública em Brasília para debater esta relicitação, já que a CCR MSVia  descumpriu o contrato inicial e exigiu alterações no acordo firmado há dez anos. 

Um dia antes deste debate na capital federal acontece outra audiência pública na Assembleia Legislativa em Campo Grande e as propostas aprovadas nas discuções desta segunda-feira na Câmara da Capital serão levadas a estes dois seminários posteriores. 

Inicialmente a ANTT pretende relicitar o trecho norte da BR-163, entre Campo Grande e a divisa com Mato Grosso, numa extensão de 379 km. E é nesta etapa que o Ministério Público e associações de moradores da Capital tentam incluir este novo traçado do anel viário. 

Pelo projeto preliminar, elaborado pela prefeitura de Campo Grande,  o “novo anel viário” teria 38 quilômetros. Começaria próximo ao posto da PRF na saída para Dourados, cortaria a MS-040, passaria pela BR-262 atrás do condomínio Terras do Golfe e reencontraria a BR-163 cerca de três quilômetros depois do Shopping Bosque dos Ipês. 

Deste modo, pelo menos oito condomínios de alto padrão que foram instalados e que ainda estão em fase de crescimento ficariam na parte interna deste novo anel viário. Codomínios como Dahma e Alphaville estão literalmente grudados ao anel viário.

“Além dos acidentes e das mortes, tem a questão destes empreendimentos. O tráfego de caminhões perturba demais a vida dos moradores dos condomínios que nasceram nos últimos anos ao longo deste trecho”, destaca o procurador Aroldo de Lima. 

Ele diz não ter noção do custo que teria a instalação de quase 40 quilômetros de rodovia duplicada num traçado totalmente novo. Mas, acredita que talvez seja mais em conta do que aquilo que se gastaria para duplicar o atual traçado, já que esta duplicação exigiria a implantação de pistas laterais e instalação de inúmeros viadutos e passarelas para que a cidade não fique literalmente cortada ao meio. 

“Estão relicitando a BR-163 e se a gente não aproveitar esta oportunidade para retirar a rodovia de dentro da cidade, talvez nunca mais a gente tenha oportunidade parecida. A rodovia atual está saturada, chega de morrer gente”, argumenta Aroldo de Lima. 

Fonte: Correio do Estado